E depois de cinco dias em Medellín e três dias de Colombiatex, chegamos ao último post da cobertura do evento. Ufa! Foi uma experiência incrível e fico muito feliz por ter feito parte disso, ainda mais por ser uma das poucas jornalistas brasileiras presentes. Para encerrar, conversei com Martha Cálad, Diretora do Laboratório de Moda e Econômico - InexModa (organizadora da Colombiatex). A colombiana, apesar de ser formada em design de interiores, tem mais de 25 anos de experiência no mercado da moda. Já trabalhou em fábricas de tecidos e também já foi estilista e compradora.
Martha explicou um pouco de seu trabalho. Nesse Laboratório, uma equipe multidisciplinar composta por seis profissionais analisa constantemente a moda. Fazem viagens internacionais, visitam feiras importantes do setor e, claro, acompanham os principais desfiles. O Laboratório faz uma leitura das tendências mundiais e as adapta ao mercado latino. Essas informações, valiosas no mercado da moda, abastecem os diversos clientes que eles possuem no país e na América Latina. Podemos dizer que o trabalho é similar ao desenvolvido pelo WGSN, outro importante bureau de tendências.
Vale salientar que as tendências conhecidas por nós atualmente são determinadas por um amplo processo de estudo, que leva meses ou até anos. Tudo começa com a análise das macrotendências. "São os acontecimentos que nos rodeiam. A economia, a política, a sociedade e a cultura são grandes influenciadores da moda e afetam o consumidor, fazendo-o identificar-se com uma coisa ou outra", explica Martha. Os clientes atendidos pelo Laboratório recebem esses estudos um ano antes de cada temporada. Para ela, estes são de extrema importância às empresas que trabalham com moda, já que hoje o consumidor está cada vez mais exigente. "O mercado de moda na Colômbia se transformou nos últimos cinco anos.Temos marcas fortes", ressalta.
Questionada sobre o potencial da Colômbia para ditar tendências, ela é "pé-no-chão". "Não acredito que a Colômbia ou o Brasil, por exemplo, vá ditar tendências. Mas temos algo que nos diferencia: é o uso da cor. Somos mais calorosos, exóticos e transmitimos isso através das roupas", explica Martha, referindo-se à força da Europa no que diz respeito às tendências e ao uso de estampas e cores vivas nos países latino-americanos.
A diretora ainda destacou a importância do Instituto e do mercado de moda colombiano. "Levando em conta nossas atividades, somos os únicos na América Latina, já que trabalhamos com capacitação e somos frequentemente requisitados. Nosso país é jovem na cultura de moda, mas a Colombiatex mostrou a qualidade que podemos oferecer, fortalecendo pequenas e médias empresas. Nosso consumidor é muito receptivo às tendências".
Quando perguntei sobre as tendências de moda para o inverno colombiano, Martha destacou duas em especial: o estilo montanhês e o Barroco. O primeiro resgata o estilo das montanhas mesmo, do campo, dos lenhadores. Vem com muitas peças utilitárias (como as calças cargo, com muitos bolsos), além de peles, jaquetas e tons terrosos. Já o Barroco (vou contar mais sobre essa influência em um outro post), é marcado pela opulência, pelo excesso, contando com muitos bordados e detalhes em dourado. "Aqui, o tecido é o principal protagonista", destaca Martha.
Por fim, Martha deixa o convite para a Colombiamoda, a semana de moda colombiana que acontece em julho. "Será um evento com um formato bem particular, unindo três eixos: negócios, por meio de uma feira, moda, por meio dos desfiles, e conhecimento, por meio das conferências. Teremos propostas de designers do país e novos talentos".
A Colombiamoda acontece entre os dias 22 e 25 de julho, em Medellín.
E eu encerro aqui a cobertura da Colombiatex. Espero que vocês tenham gostado. E para quem é de Tubarão e região, amanhã tem matéria especial no Diário do Sul sobre o evento, além da minha coluna, que também trará novidades da feira.
